Assassinatos com atuação dentro e fora de presídios, roubos e tráfico de drogas. São essas as principais ações de grupos criminosos que agem no Tocantins e se rivalizam pelo poder dominante de territórios.
por Régis Caio
Era dia 26 de fevereiro de 2021 quando policiais civis da Divisão Especializada de Repressão a Narcóticos (Denarc) em conjunto com o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Tocantins fizeram campana em Gurupi, sul do estado, para apreender um carregamento de drogas que seria distribuído em Palmas e demais cidades da região. O alvo foi localizado conduzindo um carro na entrada do município gurupiense, ao ser abordado, os investigadores encontraram no interior do veículo mais de 100 quilos de maconha.
Conforme a polícia, a apreensão deste carregamento oriundo do cartel goiano (origem da droga) causaram prejuízos da ordem de mais de R$ 200 mil ao crime organizado. A apreensão decorreu de investigações realizadas pelo trabalho conjunto da Denarc e do Gaeco, que vêm atuando de maneira intensa na repressão ao tráfico de drogas no estado. Os desdobramentos desta investigação levaram os policiais a encontrar mais entorpecentes no distrito de Luzimangues, em Porto Nacional. “Ficou caracterizado que uma facção de atuação nacional que tem ramificações no Tocantins vem atuando nesta modalidade para controlar o poder e se fortalecer para anular uma facção rival que também age no estado”, informou a Denarc na época ao Portal Atitude.
Operações de combate as facções
Somente este ano várias operações das Forças de Segurança em conjunto com o Ministério Público Estadual ocorreram para desmontar os núcleos dessas organizações criminosas que estão agindo no Tocantins e que tem gerado desafios ao estado no combate a estes grupos. “O tráfico de drogas fomenta os demais crimes como roubo e homicídio. Aqui no Tocantins, duas facções de abrangência nacional disputam o controle pelo poder, ocasionando com que integrantes planejam mortes de rivais, façam roubos para financiar o seu grupo e mantenham o objetivo de se perpetuarem e invadirem territórios inimigos. Temos investigado e já realizamos em 2021 várias operações para acabar com essas modalidades aqui no Tocantins e promover segurança para a sociedade”, disse o Delegado Regional de Gurupi, Joaldelson Albuquerque.
Em setembro deste ano o Gaeco juntamente com a Polícia Civil e Militar realizaram uma operação nos estados do Tocantins, Pará e São Paulo para prender membros de uma facção envolvidos em vários crimes e que estavam atuando dentro e fora de presídios. Segundo a investigação, os suspeitos foram flagrados em interceptações telefônicas planejando a execução de rivais, negociando armas e além do tráfico e dos assassinatos, o grupo também é suspeito de cometer assaltos à mão armada e roubar veículos para arrecadar fundos para a facção. “Os veículos furtados eram usados em rifas e a Justiça do Tocantins bloqueou 3 milhões de reais em contas ligadas a essa facção criminosa”, ressaltou o MP.
Assassinatos
No final do mês de setembro, o Tribunal do Júri acatou as teses de acusação do Ministério Público do Tocantins e condenou seis integrantes de uma organização criminosa por um crime de homicídio que teve como motivação a rivalidade entre facções, ocorrido em fevereiro de 2018, na cidade de Gurupi. Conforme narrou o MP, a vítima, um homem de 21 anos foi identificado pelo grupo como possível integrante de organização criminosa rival e foi alvejado por diversos disparos de arma de fogo enquanto estava em seu veículo. Os tiros atingiram seu crânio e tórax, ocasionando a sua morte.
Essas disputas violentas acabam também tirando a vida de pessoas trabalhadoras, foi o caso do pedreiro Paulo Henrique da Silva, de 32 anos, morto por engano no bairro Nova Fronteira em Gurupi, no mês de maio deste ano. A vítima tinha saído do trabalho para almoçar e estava em uma motocicleta com sua companheira, ocasião em que foi atingida por um disparo efetuado por um homem que estava na garupa de uma motocicleta que se aproximou do casal.
“Ao perceber que era vigiado, o alvo dos criminosos deixou o local, dessa forma, o pedreiro foi confundido com o alvo e acabou sendo morto por engano”, disse o delegado da Divisão de Homicídios de Gurupi, Hélio Domingos. Após intensa investigação, os policiais civis descobriram que três homens participaram do enredo criminoso, sendo que um de 23 anos foi o mandante do homicídio e pagou R$100 reais, para que outros dois homens, ambos com 18 anos, praticassem o assassinato.
“Esses conflitos acabam sendo prejudicial para toda a sociedade, aqui na nossa região temos feito um trabalho ostensivo para impedir a atuação desses criminosos e inibir a prática de ilícitos”, afirmou o comandante do 4º BPM de Gurupi, Tenente Coronel Weslley Dias Costa. Ainda segundo a Polícia Militar, durante este feriado prolongado de início do mês de novembro, seis armas de fogo foram apreendidas e dez pessoas presas em flagrante na região sul do estado.
Redução de crimes
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, no segundo trimestre deste ano foi registrada uma queda significativa nos índices de criminalidade no Estado promovida por essas facções. Os crimes de homicídio reduziram 22,1% em relação ao ano de 2020. Os crimes de furto e roubo também apresentaram redução nos atendimentos de 26% e 37%, respectivamente, em comparação aos dados do segundo trimestre do ano anterior.
Já nas ações de combate ao tráfico de drogas, o aumento da produtividade policial foi de 10,5%, no trimestre, com 221 casos este ano e 200 em 2020. “O trabalho de integração realizado por todas as forças de segurança é a resposta da implementação das políticas ao longo dos últimos anos, entre elas, o Sistema Integrado de Metas. Ocorreu a elaboração, de forma conjunta, do fortalecimento de estratégias e consequentemente o alcance das metas de redução criminal permanente e construção de um estado mais seguro para se viver”, frisou a SSP por meio de nota.