A imagem chocou a Austrália e está a ser vista como um novo exemplo da ameaça que o extremismo islâmico para a segurança mesmo dos países mais distantes do seu epicentro, no Médio Oriente. Colocada no Twitter por um australiano já condenado por terrorismo, a fotografia mostra um menino, alegadamente seu filho, a segurar a cabeça de um soldado sírio decapitado.
“Este é o meu rapaz!”, escreve Khaled Sharrouf na mensagem que colocou naquela rede social. Na fotografia tirada em Raqqa, na Síria, o rapazinho, que não terá mais de oito anos, segura com ambas as mãos a cabeça decepada. Noutra mensagem, este fugitivo australiano faz-se fotografar com três filhos pequenos, todos de armas na mão, frente a uma bandeira do Estado Islâmico, grupo jihadista ultra-radical que se apoderou de um vasto território entre o Leste da Síria e o Norte do Iraque.
Em 2009, Sharrouf foi condenado a quatro anos de prisão por participação num grupo acusado de planear atentados em Sydney e Melbourne. Após sair da prisão, foi proibido de se ausentar do país, mas no ano passado serviu-se do passaporte de um irmão para viajar com a família para a Síria, onde se juntou aos radicais do Estado Islâmico.
Antes das imagens do filho, Sharrouf publicou fotografias de si e de outro combatente australiano frente aos corpos de soldados mortos e decapitados – crimes que integram a já longa lista de atrocidades atribuídas aos jihadistas e que levaram as autoridades australianas a emitir um mandado de captura em seu nome.
Reagindo à divulgação das fotografias, publicadas no fim-de-semana pelo jornal The Australian, o primeiro-ministro australiano disse tratar-se de “uma nova prova do tipo de atrocidades que este grupo é capaz”, uma entidade que cria “problemas extraordinários não só para as populações do Médio Oriente, mas para todo o mundo. “O Estado Islâmico, como se chama agora, não é apenas um grupo terrorista, é um Exército terrorista e não se limita a querer um enclave mas quer criar um Estado, uma nação terrorista”, sublinhou Tony Abbott em entrevista à cadeia ABC.
O Governo australiano revelou entretanto que vai enviar aviões para participar na largada de mantimentos sobre a montanha onde estão cercados milhares de membros da seita yazidi, ameaçada pelos jihadistas, e admite participar noutras acções de combate aos terroristas lideradas pela aviação norte-americana.
Na semana passada, a Austrália anunciou leis para restringir as viagens para alguns países numa tentativa para estancar a fuga de jovens radicalizados para frentes de combate no Médio Oriente, onde ganham treino de guerra e entram em contacto com organizações terroristas. Camberra calcula que haja entre 150 a 160 australianos a combater atualmente na região. (As informações e fotos são do Jornal O Público)